quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Atletas mirins do Tocantins fazem bonito em competição de futebol

A  Escolinha de Futebol do Flamengo de Palmas está  participando da "XXVIII Copa Sul Americana de Futebol de Base", em  Lavínia(SP), evento tradicional de descoberta de novos talentos e que conta com a presença de atletas de vários estados do Brasil e também Paraguai, Chile e Argentina. Do Tocantins, cinco equipes de jogadores, das categorias 1994, 1995, 1997, 1999 e 2000 estão inscritos no campeonato, que acontece de 24 a 31/01/2012, nas cidades de Lavínia e Valparaíso.
Nesta quarta, 25, a categoria 2000 (atletas que têm em média 11 anos) deu show de bola em sua primeira participação no evento, vencendo o time anfitrião - Lavína (SP) com resultado final de 2 a 0, destacando o Tocantins e revelando o potencial dos atletas mirins. A próxima rodada acontece na quinta, 26, na cidade de Valparaíso (SP), contra a equipe do Paraná.
De acordo com a organização do evento (http://www.domboscopromotion.com/competicoes.php?id=46) vários "olheiros" - caçadores de talentos - estão presentes no evento.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A crise do Palmas FR – Final


Patrocínios, eventos e patrimônio

Já falei aqui em quadro social, categorias de base e prospecção de investidores. Para dar sequencia àquilo que denomino propostas de reestruturação de um clube de futebol vou escrever neste texto sobre patrimônio, eventos e patrocínios. Como citei em outra oportunidade meu modelo é o Palmas FR e minhas observações provem das características locais do futebol daqui.
Promoção de eventos, prospecção de patrocinadores passam por fortalecimento da marca. Não podemos desprezar, no caso do Palmas FR, o fato do clube ser o maior vencedor do futebol do Tocantins, mas anos de repetidas administrações imprudentes e inconseqüentes, sem falar do uso do clube para trampolim político fizeram que os aspectos negativos se sobressaiam sobre os títulos do passado. Fortalecimento da marca não é um processo rápido, mas ao contrário disso, se dá através de planos de longo prazo, ou seja, estamos falando de gestão e planejamento outra vez.
A cidade de Palmas é formada por uma população migrante de outros estados. Gente que chegou por aqui e trouxe consigo sua paixão clubística, logo, vemos nas ruas camisas de Flamengo, Vasco da Gama, Internacional, Grêmio, São Paulo, Corinthians e outros clubes de destaque nacional. Atualmente não se vê pessoas uniformizadas com a camisa do clube da cidade. Mas é importante dizer que em qualquer cidade do mundo quando uma equipe, seja grande ou pequena, está em baixa é difícil se ver camisas pelas ruas, assim como se enchem as mesmas ruas quando a equipe está em uma boa fase. Por isso podemos concluir que usar ou não a camisa de um clube está diretamente ligado a uma questão de auto-estima. O Palmas FR teve momentos de glória poucos anos atrás quando chegou a uma fase adiantada da Copa do Brasil, eliminado clubes do centro do país com mais história e expressão.
Recuperar a auto-estima dos torcedores passa por resultados sim, mas no caso do Palmas FR é uma questão de criar uma torcida, pois como disse anteriormente uma cidade com 22 anos não possui muitos cidadão nascidos aqui. Um amplo acordo social implantando escolas de futebol públicas com o nome do clube (que por sinal é o mesmo da cidade) que além de ensinar futebol, ensine valores e amor a terra trará, além de atletas, famílias inteiras para o convívio do cotidiano do clube. Envolvimento levará a comprometimento e uma nova geração de torcedores começará a se formar. Podemos chamar isso de levar o clube para perto dos torcedores, mesmo que inicialmente as pessoas não saibam que serão torcedores do clube. No Rio Grande do Sul o Internacional de Porto Alegre desenvolveu algo similar alguns anos atrás quando criou o programa Genoma Colorado. Atualmente o Internacional é um dos clubes com mais sócios no mundo. É claro que Internacional e Palmas FR pertencem a “mundos” diferentes, mas acreditem, alguns anos atrás o Internacional estava afogado em dividas, não tinha equipes competitivas, jogadores de destaque, o quadro social era pífio e seu futuro parecia ser negro; mas foi aí, que o clube resolveu apostar adivinhe no quê? Planejamento e gestão.
Quanto ao patrimônio nem o Internacional escapa, pois é inaceitável que os clubes brasileiros aceitem pagar exorbitâncias milionárias para jogadores e treinadores e quase nenhum deles tenham campos de grama artificial para os dias de tempo ruim. Da mesma forma que um clube deve destinar parte de sua receita para pagamento de dividas, estabelecer limites para despesas com futebol profissional, também deve destinar uma parte de suas receitas para aquisição de patrimônio. Seja este patrimônio esportivo ou não, mas o importante é que todo o patrimônio adquirido não represente novas despesas, mas sim receitas. Por exemplo, investir em um campo de tamanho oficial, de grama sintética marcado com subdivisões de 3 quadras de futebol-7, provido de iluminação, vestiários e área de bar não representará despesas, mas sim dividendos, pois durante o dia além da equipe profissional e de base o campo poderá ser utilizado pelas escolas de futebol e a noite alugado, gerando renda para o clube.
Você deve estar se perguntando quanto a prospecção de patrocínios certo?! Pois bem, prospectar patrocínios passa por melhoria de imagem e alcance publicitário. Em um clube de futebol não existe apenas a camisa do time principal, mas sim toda sua presença. Se você está presente em toda cidade se torna mais fácil encontrar empresas dispostas a vincular sua marca com seus projetos. Se você passou a cuidar de sua imagem e a desenvolver programas de apoio social é mais simples a uma empresa investir em seu clube do que criar seu próprio programa. Pois bem, aí está sua resposta.
Gerir um clube de futebol não é simplesmente um exercício passional em busca de títulos, mas uma grande prova de planejamento e gestão. Com isto termino minha série sobre reestruturação de um clube de futebol. Espero haver contribuído para esclarecer um pouco sobre este “mundo paralelo” que é a gestão de um clube de futebol. E termino torcendo que algum dirigente do Palmas FR leia algum trecho ou um texto que seja do que proponho através de meus escritos e comecemos a fazer futebol sério por aqui. Se acredito nos políticos porque não crer nos dirigentes do futebol nacional?!

domingo, 22 de maio de 2011

A crise do Palmas FR – 3ª Parte


Escolas esportivas e as categorias de base

            A cultura administrativa brasileira, independentemente do setor, não se caracteriza pela inovação, mas sim pela adaptabilidade. Por um lado isto é maravilhoso pois nossos profissionais de área coorporativa estão cada vez mais valorizados em um mundo globalizado, por outro lado é extremamente negativo pois temos o vício de simplesmente não criar nada de novo, não buscar saídas cientificas para questões básicas e simplesmente repetir o que já se vinha fazendo. Quero dizer com isso que por mais fantástico que seja o “produto” futebol no Brasil assistimos com tristeza a “mesmice” por parte dos dirigentes de nossos clubes que simplesmente não inovam em nada para valorizar e explorar esta marca. Não é de estranhar que a maior receita dos grandes clubes de futebol no Brasil venha da televisão e dos patrocínios, enquanto os clubes, ditos pequenos, simplesmente aceitam sua posição e não buscam absolutamente nada para gerar receita, pois seus dirigentes seguem o modelo perpetuado pelos maiores, ou seja, não fazer nada!
            Como pretendo me ater às categorias de base e as escolas desportivas, não irei explicar, neste texto, sobre a operação Coca-Cola que salvou os clubes brasileiros no passado e nem sobre os acordos de transmissão televisiva do campeonato brasileiro. Falarei das categorias de base e das escolas de futebol que colocam todos os clubes brasileiros, seja ele pequeno ou grande, em pé de igualdade, pois se há uma área do futebol brasileiro onde não há nenhuma inovação desde o nosso descobrimento, esta área é o futebol de base que no Brasil de hoje ainda têm no “olhometro” seu método de trabalho.
            Escolas esportivas e categorias de base são uma parte chave para a reestruturação de um clube de futebol. O Palmas FR, por exemplo, possui estrutura física suficiente para realizar de maneira independente atividades de escolas desportivas e categorias de base em sua sede administrativa. Outra opção é realizar em estruturas, sejam públicas ou privadas, tais atividades. Por ai teremos uma fonte de renda direta com a cobrança pela prestação de serviços e venda de produtos do clube e a longo prazo (de forma indireta) retorno, que se traduzirá em atrair investidores quando da construção de um sistema otimizado de descoberta e formação de talentos e possível venda de atletas que se destaquem.
            Mas para obter um retorno econômico é necessário oferecer um serviço de qualidade e para um serviço de qualidade é necessário apostar em formação dos profissionais que irão prestar tais serviços. Acordos de colaboração com universidades, escolas de esportes, clubes de maior exposição, entre outros, é uma saída extremamente barata e viável e substituirá o “olhometro” por métodos e meios pedagógicos de treinamento que, seguramente, trariam destaque local, regional, nacional e internacional valorizando os serviços oferecidos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A crise do Palmas FR – 2ª Parte

Reestruturando um clube de futebol

            Assim como um vício que traz malefícios a saúde, o processo para reerguer um clube de futebol passa pelo primeiro, talvez mais importante, passo: admitir que o clube necessite de ajuda. Assim como no vício temos que admitir que incorremos em repetidos erros e já não somos capazes de decidir sozinhos nossos rumos pois estamos sob a perda momentânea de nossa vontade própria. Assim é a administração de um clube a beira da falência, mas que insiste em buscar saída usando mais da mesma “droga”. A vaidade pessoal dos dirigentes é um sentimento que arrebenta mais e mais os cofres do clube. Um título significa ser lembrado eternamente pelos torcedores como um grande administrador, ainda que o clube tenha agravado sua condição de sobrevivência. Uma temporada ruim significa ser hostilizado publicamente por torcedores e imprensa. Este é o maior mal das gestões que passaram anos e anos construindo um verdadeiro buraco negro no Palmas FR. Recuperar o clube levará muitos anos e, provavelmente, passará por abdicar da disputa de títulos montando equipes tecnicamente mais fracas.
            Um clube de modo geral, assim como empresas, ou até mesmo como a economia doméstica é baseada em fluxo de caixa, você deve arrecadar mais do que gasta, caso contrário irá à falência. As receitas de um clube de futebol são oriundas dos seguintes setores:

·         Quadro social (incluindo conselho)
·         Venda de produtos (incluindo royalties)
·         Venda de ingressos
·         Escolas esportivas (que podem ser incluídas dentro do quadro social ou não)
·         Patrocínios
·         Investidores
·         Venda de atletas
·         Outros eventos
·         Dividendos gerados pelo patrimônio

No caso do Palmas FR, assim como com uma empresa, fatores locais interferem diretamente no resultado, logo é necessário ter domínio dos dados econômicos, sociais e de desenvolvimento da localidade em que está inserido o clube. Tais dados vão ditar a construção de um PLANO DE GESTÃO que englobe, através de diretrizes decididas por todos os interessados, os pontos estratégicos para o desenvolvimento do clube por um determinado período. Este período, no caso do Palmas FR, em sua atual situação, deve ser bem superior ao prazo de um mandato presidencial do clube, que hoje é de 2 anos; pois este período é muito curto para implantar soluções que tragam o saneamento do clube, portanto devem haver quesitos básicos que deverão ser seguidos independentemente da gestão, como por exemplo o percentual de arrecadação do clube a ser destinado para o pagamento de dívidas, o percentual para as categorias de base, para área social, etc. Podemos comparar este plano de gestão a Lei de responsabilidade fiscal do governo federal que prevê não gastar-se mais do que se arrecada e impõe limites para despesas em setores estratégicos como pessoal.
Com os dados sociais e econômicos de Palmas e região, um plano de gestão definido, abre-se espaço para o incremento de ações a fim de atrair dividendos ao clube. O que um clube tem de fortalecer é sua marca e isto se dá através de equipes competitivas e títulos de expressão, mas se dá também através de acordos com entidades de marca solidificada que influenciem positivamente a imagem do clube, já que o Palmas FR não possui condições econômicas para fortalecer sua equipe. Dentro da realidade da população palmense é difícil acreditar que um plano de sócios terá sucesso, até porque o calendário de competições do estado é curto e pouco atrativo a quem gosta de futebol, sem falar que ao montar uma equipe mais fraca tecnicamente será difícil o torcedor trocar o futebol repleto de astros na TV pelos atletas locais. Para gerar receita através do quadro social o atrativo não pode ser o departamento de futebol profissional apenas. Oferecer sorteios de prêmios como eletroeletrônicos é um caminho certo para o sucesso, em especial se o clube se associar a uma marca de produtos ou de loja que goze de credibilidade. Um quadro entre 1200 e 1500 sócios a R$ 30,00 por mês com direito a participação em sorteios mensais ou quinzenais não é difícil de ser alcançado em uma cidade com mais de 200 mil habitantes. O valor dos produtos sorteados e uma forte divulgação dos prêmios e de suas entregas fortalecerão e tornarão atrativo associar-se ao clube, pois muitos serão os sócios que não irão aos jogos inicialmente, mas contribuirão em dia com o clube.
Outro tema fundamental é a renegociação das dívidas trabalhistas e com fornecedores. A maior parte dos clubes do Brasil paga caro por sua desorganização e por não honrar seus pagamentos a funcionários e fornecedores. A maior parte do valor econômico das dividas advém não do valor real devido, mas do fato de que o clube simplesmente não comparece as audiências em que é intimado e acaba sendo julgado a revelia, aumentando astronomicamente o valor real devido. Posso citar atletas que tinham direito a receber algo em torno de 5 mil Reais e pedem mais de 30 mil. Como o clube simplesmente não comparece para se defender acaba condenado aos 30 mil mais multas e honorários. Por outro lado já presenciei diversos dirigentes de coragem que chamaram seus credores e realizaram acordos de pagamento parcelado e com valores menores aos que foram condenados. Isso traz a credibilidade moral e legal de volta ao clube, mas é preciso coragem para tratar do tema e mais coragem ainda para manter o compromisso do pagamento. Acordos coletivos acabariam com 90% dos processos e condenações existentes contra o Palmas FR.
Por hora vou parar de escrever por aqui. Voltarei em um próximo texto para tratar das outras áreas de um clube de futebol e como o Palmas FR poderia reestruturá-las. Um abraço a todos! 

A crise do Palmas FR – 1ª Parte

           Ontem escutei o programa de Marcelo Silva na rádio CBN Tocantins que trazia uma entrevista ao vivo com prefeito da cidade, Raul Filho, abordando temas importantes ao cotidiano de quem, assim como eu, vive em Palmas. Tenho o habito de escutar tal programa com certa regularidade, pois o entendo de bom nível e sempre abordando temas do cotidiano que nos afeta de uma maneira ou outra. Outro ponto alto do programa é a presença de convidados que enriquecem os debates. Comento esta minha preferência por tal programa para justificar o porquê de não acompanhar o programa esportivo local, que é transmitido pela mesma rádio e acontece ao final do programa de Marcelo Silva. O programa CBN esportes, transmitido pelo jornalista Reinaldo Cisterna e Marcelo Santos não é ruim; ao contrário, é um dos melhores programas esportivos transmitidos por aqui, sempre trazendo o esporte local como notícia, sem esquecer os acontecimentos nacionais e internacionais, mas para ser franco depois de escutar o prefeito da cidade não estou disposto a escutar outra entrevista dos jogadores do Palmas FR ameaçando greve por falta de salários. Por favor, entendam que é uma questão pessoal que nada tem a ver com o programa em si. Mas ontem, sabe-se por que razão, escutei o programa inteiro que tratava justamente da possível greve dos jogadores do Palmas FR.
            O fato que me chamou atenção não foi a greve dos jogadores em si, afinal no Tocantins os jogadores ficarem sem receber já está virando prática comum entre os clubes, salvo algumas exceções. O que realmente me fez ficar atento ao programa foi os comentários do Reinaldo criticando a R+, empresa que investiu no clube ao principio da temporada contratando comissão técnica e jogadores, mas que atualmente já não detém nenhum vinculo com o clube. A critica do jornalista estava focada no fato de a empresa voltar a oferecer dinheiro ao clube para que pudesse pagar jogadores e fornecedores, mas sob a ótica do programa nada mais era do que um interesse em utilizar a vaga que o Palmas FR possui para disputa da Copa São Paulo, competição mais importante para jovens jogadores e que tradicionalmente revela talentos de clubes menores que acabam depois vendidos a clubes de maior poder econômico, para formar uma equipe apenas com jogadores da empresa. Reinaldo se posicionou totalmente contra ao que ele chamou de “aluguel do clube”. A questão é: ele é a favor de clubes que contratam jogadores sem nunca pagá-los, deixando-os passar privações inclusive de comida?!
            As atitudes bairristas só nos levam a intolerância, a discriminação, xenofobia, violência e a provocar atos injustificados contra o próximo. Se o Palmas FR não tem condições de se sustentar e cumprir seus compromissos é preferível que feche acordos que o permitam manter seus portões abertos e lutar para reverter sua condição atual do que seguir “passando a perna” em todo mundo. Outro ponto a ser levado em conta é que se o Palmas FR está nesta situação demonstra que as inúmeras gestões que presidiram o clube foram incapazes de gerir o clube de forma eficaz, portanto a perpetuação destes métodos tendem a afundar ainda mais a situação do clube.
            Espero que o Pedro Donizete, presidente recém eleito do Palmas FR, seja capaz de reverter a atual situação que vive o Palmas pelo bem do futebol local. Torço para que o Palmas FR encontre uma boa administração que o coloque nos trilhos da salvação finalmente, mesmo que seja através da firma de acordos com investidores oriundos de fora.

PS: Segurei a falar do Palmas FR apresentando uma proposta de reestruturação em um próximo texto!

terça-feira, 17 de maio de 2011

A chantagem social!


            Estou sendo indagado por um amigo sobre um de meus textos. Ele simplesmente diz que discorda praticamente de tudo o que eu escrevi, em especial sobre o fato de eu, em meu texto, dizer que não existe no Brasil nenhum trabalho de formação de atletas de futebol que priorize formar cidadãos que deva ser levado em consideração. Isto realmente indignou ele a ponto de fazer o seguinte comentário: “Eu sei de um clube que até incentiva os jogadores a estudar!”. Depois disto simplesmente parei de escutar o que ele estava dizendo! Precisamos, urgentemente, de uma revolução moral, cultural e de valores em nossa sociedade.
            Qual é os nortes que guiam, ou deveriam guiar, nossa sociedade? Quais são os alicerces sobre os quais está construída nossa sociedade? Qual a função do estado, da família? Do cidadão? Estas são as perguntas que necessitamos fazer urgentemente a nós mesmos. Não existe isto de incentivo ao estudo. Existe o fato estatístico de que em uma sociedade sem formação, maiores são as diferenças sociais, o aumento da criminalidade, etc. formar jogadores de futebol é um processo complementar a formação do individuo como agente integrante da sociedade e não o inverso. Muitos clubes de futebol formam jogadores de futebol e os incentivam a se complementarem como pessoa. O caminho a seguir é o oposto; formar pessoas e incentivá-las a tornarem-se desportivas por possuírem talento, inato ou adquirido, para tal.
            A mentalidade dos dirigentes, que são cidadão antes de tudo, é exatamente igual a do meu amigo. Mas em minha opinião particular o maior problema está nos treinadores de futebol das categorias de base, pois cabe a eles diretamente assumir o papel de executor de um plano de formação de atletas, que todos deveríamos saber, mas que simplesmente não existe no Brasil. Não digo que os treinadores deveriam mudar as imposições das direções de clubes, lutar contra os empresários de futebol ou sair dando porrada nos pais e mães que abandonam os empregos na expectativa de que seus filhos, as vezes com 12 ou 13 anos, sejam o arraigo da família. Digo sim é que eles poderiam dedicar uma parte de seu tempo a realizar um trabalho de formação das habilidades técnicas dos jogadores, o que elevaria a qualidade geral do grupo de atletas dando ao treinador a maior ferramenta contra a má formação pessoal do indivíduo: a chantagem!
            Assistentes sociais e psicólogos que me desculpem, mas um treinador de futebol que atue nas categorias de base de grandes clubes atualmente é refém dos próprios atletas, pois estes individualmente costumam “resolver” os jogos com lampejos de qualidade técnica impressionante e contra isso, somado ao contexto que comentei anteriormente somente a presença de mais jogadores qualificados tecnicamente permitirá ao treinador de futebol, sem contrariar as regras da direção, preservar seu emprego e contribuir para construção de pessoas melhores através da chantagem de que jogará aquele que tiver melhor rendimento escolar. Em um contexto onde haja 30 jogadores capazes de realizar os movimentos técnicos necessários para executar as soluções táticas demandadas pelo jogo em si será fácil aos treinadores de futebol transformar simples atletas em arraigo social, sustentando a si próprio dentro ou fora de campo.
            Como se faz isso? Basta aos treinadores de futebol executar aquilo que, em teoria, são pagos para fazerem: formar jogadores de futebol, através de métodos e técnicas de treinamento. Mas a formação de treinadores é outra história, pois tem treinador de futebol por aí tido como guru da bola que só o que sabe é dar coletivo e bronca, sem nunca prover, através de método, habilidade técnica aos jogadores. Mas este tema fica para outro texto, pois meu amigo já se deu por conta que não estava mais escutando-o e foi embora!

Mandarim, escolas de futebol e a educação no Brasil

Estava em casa divagando nos pensamentos e sonhos mais absurdos, dentre estes, alguns voltados em beneficio do bem maior, um bem social, uma revolução educacional beneficiando os pequenos brasileirinhos que sonham em ser jogadores de futebol e, em busca deste sonho, esquecem as dificuldades sociais existentes no país que tornam o que é difícil em improvável. Em meio a meus devaneios maníacos de grandeza e incrível fé na política nacional que me faz questionar minha sanidade e me mantém alheio as religiões, já que ter fé nos políticos do Brasil já rouba toda minha energia e me impede de crer que, de acordo com o Mel Gibson, alguém foi surrado daquela maneira, traído, crucificado e ainda sim teria dito para que seu pai (Deus) os perdoasse; enfim, como dizia, em meio a meus devaneios escutei duas noticias importantes: A presidente Dilma aposta no crescimento das exportações brasileiras para a China e as dificuldades encontradas pelo jogador Obina em adaptar-se a vida na mesma China.
            Vamos nos permitir sonhar com um país onde não haja fome, desigualdades regionais gritantes, injustiça social, onde nossa educação seja de nível finlandês, que abominemos o jeitinho brasileiro de ser, a enormidade de feriados, onde atuar no setor público seja algo apenas para os desprovidos de ambição. Imaginemos! Neste contexto nossas escolas esportivas (que existiriam dentro das escolas convencionais é obvio!) ministrariam seus treinamentos, ou parte deles, em mandarim, complementando através da conversação a parte teórica estudada em sala de aula. Já que temos este nível avançado de educação esta claro que também somos evoluídos em técnicas de treinamento esportivos fazendo que nossos jovens desportistas tenham que escolher, precocemente, entre seguir a carreira de diplomata ou jogar futebol profissionalmente.
            Por que treinamentos em mandarim? A China é a atual potencia econômica do mundo e tende a seguir assim por pelo menos 30 anos; porque assim receberíamos um grande numero de chineses em nossas escolas, atraindo dinheiro ao país e nossos atletas migrariam para China com extrema facilidade, aliás a mesma que seria vista em empresas brasileiras e mundiais, de todos os tamanhos, que absorveriam inúmeros alunos, que por circunstancias alheias a nossa vontade, simplesmente não tornar-se-iam nem jogadores de futebol nem diplomatas, mas pelo domínio do mandarim, além dos conhecimentos elevados adquiridos em escolas brasileiras de nível finlandês, ingressariam com larga vantagem no mercado de trabalho “formal”. Não preciso dizer que trabalhadores qualificados que falem mandarim no atual mundo globalizado seriam disputados desde o exercito americano até a Al Caeda, mas optariam, é claro, por empresas com maior consciência social.
            Como disse inicialmente estes são pensamentos pretensiosos oriundos de uma mente megalomaníaca e com incrível fé nos políticos do Brasil, em suma; de um louco não diagnosticado por simples falta de médicos e instituições psiquiátricas no Norte do Brasil. E como sei disso? Acabei de ler alguns trechos do livro de língua portuguesa Por uma Vida Melhor, da coleção Viver, Aprender, adotado pelo Ministério da Educação (MEC) que diz ser válido o uso de frases como “Nós pega o peixe” ou “os menino pega peixe”. E eu, ainda, acho que deveríamos ensinar mandarim nas escolas de futebol do Brasil!