quinta-feira, 26 de maio de 2011

A crise do Palmas FR – Final


Patrocínios, eventos e patrimônio

Já falei aqui em quadro social, categorias de base e prospecção de investidores. Para dar sequencia àquilo que denomino propostas de reestruturação de um clube de futebol vou escrever neste texto sobre patrimônio, eventos e patrocínios. Como citei em outra oportunidade meu modelo é o Palmas FR e minhas observações provem das características locais do futebol daqui.
Promoção de eventos, prospecção de patrocinadores passam por fortalecimento da marca. Não podemos desprezar, no caso do Palmas FR, o fato do clube ser o maior vencedor do futebol do Tocantins, mas anos de repetidas administrações imprudentes e inconseqüentes, sem falar do uso do clube para trampolim político fizeram que os aspectos negativos se sobressaiam sobre os títulos do passado. Fortalecimento da marca não é um processo rápido, mas ao contrário disso, se dá através de planos de longo prazo, ou seja, estamos falando de gestão e planejamento outra vez.
A cidade de Palmas é formada por uma população migrante de outros estados. Gente que chegou por aqui e trouxe consigo sua paixão clubística, logo, vemos nas ruas camisas de Flamengo, Vasco da Gama, Internacional, Grêmio, São Paulo, Corinthians e outros clubes de destaque nacional. Atualmente não se vê pessoas uniformizadas com a camisa do clube da cidade. Mas é importante dizer que em qualquer cidade do mundo quando uma equipe, seja grande ou pequena, está em baixa é difícil se ver camisas pelas ruas, assim como se enchem as mesmas ruas quando a equipe está em uma boa fase. Por isso podemos concluir que usar ou não a camisa de um clube está diretamente ligado a uma questão de auto-estima. O Palmas FR teve momentos de glória poucos anos atrás quando chegou a uma fase adiantada da Copa do Brasil, eliminado clubes do centro do país com mais história e expressão.
Recuperar a auto-estima dos torcedores passa por resultados sim, mas no caso do Palmas FR é uma questão de criar uma torcida, pois como disse anteriormente uma cidade com 22 anos não possui muitos cidadão nascidos aqui. Um amplo acordo social implantando escolas de futebol públicas com o nome do clube (que por sinal é o mesmo da cidade) que além de ensinar futebol, ensine valores e amor a terra trará, além de atletas, famílias inteiras para o convívio do cotidiano do clube. Envolvimento levará a comprometimento e uma nova geração de torcedores começará a se formar. Podemos chamar isso de levar o clube para perto dos torcedores, mesmo que inicialmente as pessoas não saibam que serão torcedores do clube. No Rio Grande do Sul o Internacional de Porto Alegre desenvolveu algo similar alguns anos atrás quando criou o programa Genoma Colorado. Atualmente o Internacional é um dos clubes com mais sócios no mundo. É claro que Internacional e Palmas FR pertencem a “mundos” diferentes, mas acreditem, alguns anos atrás o Internacional estava afogado em dividas, não tinha equipes competitivas, jogadores de destaque, o quadro social era pífio e seu futuro parecia ser negro; mas foi aí, que o clube resolveu apostar adivinhe no quê? Planejamento e gestão.
Quanto ao patrimônio nem o Internacional escapa, pois é inaceitável que os clubes brasileiros aceitem pagar exorbitâncias milionárias para jogadores e treinadores e quase nenhum deles tenham campos de grama artificial para os dias de tempo ruim. Da mesma forma que um clube deve destinar parte de sua receita para pagamento de dividas, estabelecer limites para despesas com futebol profissional, também deve destinar uma parte de suas receitas para aquisição de patrimônio. Seja este patrimônio esportivo ou não, mas o importante é que todo o patrimônio adquirido não represente novas despesas, mas sim receitas. Por exemplo, investir em um campo de tamanho oficial, de grama sintética marcado com subdivisões de 3 quadras de futebol-7, provido de iluminação, vestiários e área de bar não representará despesas, mas sim dividendos, pois durante o dia além da equipe profissional e de base o campo poderá ser utilizado pelas escolas de futebol e a noite alugado, gerando renda para o clube.
Você deve estar se perguntando quanto a prospecção de patrocínios certo?! Pois bem, prospectar patrocínios passa por melhoria de imagem e alcance publicitário. Em um clube de futebol não existe apenas a camisa do time principal, mas sim toda sua presença. Se você está presente em toda cidade se torna mais fácil encontrar empresas dispostas a vincular sua marca com seus projetos. Se você passou a cuidar de sua imagem e a desenvolver programas de apoio social é mais simples a uma empresa investir em seu clube do que criar seu próprio programa. Pois bem, aí está sua resposta.
Gerir um clube de futebol não é simplesmente um exercício passional em busca de títulos, mas uma grande prova de planejamento e gestão. Com isto termino minha série sobre reestruturação de um clube de futebol. Espero haver contribuído para esclarecer um pouco sobre este “mundo paralelo” que é a gestão de um clube de futebol. E termino torcendo que algum dirigente do Palmas FR leia algum trecho ou um texto que seja do que proponho através de meus escritos e comecemos a fazer futebol sério por aqui. Se acredito nos políticos porque não crer nos dirigentes do futebol nacional?!

domingo, 22 de maio de 2011

A crise do Palmas FR – 3ª Parte


Escolas esportivas e as categorias de base

            A cultura administrativa brasileira, independentemente do setor, não se caracteriza pela inovação, mas sim pela adaptabilidade. Por um lado isto é maravilhoso pois nossos profissionais de área coorporativa estão cada vez mais valorizados em um mundo globalizado, por outro lado é extremamente negativo pois temos o vício de simplesmente não criar nada de novo, não buscar saídas cientificas para questões básicas e simplesmente repetir o que já se vinha fazendo. Quero dizer com isso que por mais fantástico que seja o “produto” futebol no Brasil assistimos com tristeza a “mesmice” por parte dos dirigentes de nossos clubes que simplesmente não inovam em nada para valorizar e explorar esta marca. Não é de estranhar que a maior receita dos grandes clubes de futebol no Brasil venha da televisão e dos patrocínios, enquanto os clubes, ditos pequenos, simplesmente aceitam sua posição e não buscam absolutamente nada para gerar receita, pois seus dirigentes seguem o modelo perpetuado pelos maiores, ou seja, não fazer nada!
            Como pretendo me ater às categorias de base e as escolas desportivas, não irei explicar, neste texto, sobre a operação Coca-Cola que salvou os clubes brasileiros no passado e nem sobre os acordos de transmissão televisiva do campeonato brasileiro. Falarei das categorias de base e das escolas de futebol que colocam todos os clubes brasileiros, seja ele pequeno ou grande, em pé de igualdade, pois se há uma área do futebol brasileiro onde não há nenhuma inovação desde o nosso descobrimento, esta área é o futebol de base que no Brasil de hoje ainda têm no “olhometro” seu método de trabalho.
            Escolas esportivas e categorias de base são uma parte chave para a reestruturação de um clube de futebol. O Palmas FR, por exemplo, possui estrutura física suficiente para realizar de maneira independente atividades de escolas desportivas e categorias de base em sua sede administrativa. Outra opção é realizar em estruturas, sejam públicas ou privadas, tais atividades. Por ai teremos uma fonte de renda direta com a cobrança pela prestação de serviços e venda de produtos do clube e a longo prazo (de forma indireta) retorno, que se traduzirá em atrair investidores quando da construção de um sistema otimizado de descoberta e formação de talentos e possível venda de atletas que se destaquem.
            Mas para obter um retorno econômico é necessário oferecer um serviço de qualidade e para um serviço de qualidade é necessário apostar em formação dos profissionais que irão prestar tais serviços. Acordos de colaboração com universidades, escolas de esportes, clubes de maior exposição, entre outros, é uma saída extremamente barata e viável e substituirá o “olhometro” por métodos e meios pedagógicos de treinamento que, seguramente, trariam destaque local, regional, nacional e internacional valorizando os serviços oferecidos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A crise do Palmas FR – 2ª Parte

Reestruturando um clube de futebol

            Assim como um vício que traz malefícios a saúde, o processo para reerguer um clube de futebol passa pelo primeiro, talvez mais importante, passo: admitir que o clube necessite de ajuda. Assim como no vício temos que admitir que incorremos em repetidos erros e já não somos capazes de decidir sozinhos nossos rumos pois estamos sob a perda momentânea de nossa vontade própria. Assim é a administração de um clube a beira da falência, mas que insiste em buscar saída usando mais da mesma “droga”. A vaidade pessoal dos dirigentes é um sentimento que arrebenta mais e mais os cofres do clube. Um título significa ser lembrado eternamente pelos torcedores como um grande administrador, ainda que o clube tenha agravado sua condição de sobrevivência. Uma temporada ruim significa ser hostilizado publicamente por torcedores e imprensa. Este é o maior mal das gestões que passaram anos e anos construindo um verdadeiro buraco negro no Palmas FR. Recuperar o clube levará muitos anos e, provavelmente, passará por abdicar da disputa de títulos montando equipes tecnicamente mais fracas.
            Um clube de modo geral, assim como empresas, ou até mesmo como a economia doméstica é baseada em fluxo de caixa, você deve arrecadar mais do que gasta, caso contrário irá à falência. As receitas de um clube de futebol são oriundas dos seguintes setores:

·         Quadro social (incluindo conselho)
·         Venda de produtos (incluindo royalties)
·         Venda de ingressos
·         Escolas esportivas (que podem ser incluídas dentro do quadro social ou não)
·         Patrocínios
·         Investidores
·         Venda de atletas
·         Outros eventos
·         Dividendos gerados pelo patrimônio

No caso do Palmas FR, assim como com uma empresa, fatores locais interferem diretamente no resultado, logo é necessário ter domínio dos dados econômicos, sociais e de desenvolvimento da localidade em que está inserido o clube. Tais dados vão ditar a construção de um PLANO DE GESTÃO que englobe, através de diretrizes decididas por todos os interessados, os pontos estratégicos para o desenvolvimento do clube por um determinado período. Este período, no caso do Palmas FR, em sua atual situação, deve ser bem superior ao prazo de um mandato presidencial do clube, que hoje é de 2 anos; pois este período é muito curto para implantar soluções que tragam o saneamento do clube, portanto devem haver quesitos básicos que deverão ser seguidos independentemente da gestão, como por exemplo o percentual de arrecadação do clube a ser destinado para o pagamento de dívidas, o percentual para as categorias de base, para área social, etc. Podemos comparar este plano de gestão a Lei de responsabilidade fiscal do governo federal que prevê não gastar-se mais do que se arrecada e impõe limites para despesas em setores estratégicos como pessoal.
Com os dados sociais e econômicos de Palmas e região, um plano de gestão definido, abre-se espaço para o incremento de ações a fim de atrair dividendos ao clube. O que um clube tem de fortalecer é sua marca e isto se dá através de equipes competitivas e títulos de expressão, mas se dá também através de acordos com entidades de marca solidificada que influenciem positivamente a imagem do clube, já que o Palmas FR não possui condições econômicas para fortalecer sua equipe. Dentro da realidade da população palmense é difícil acreditar que um plano de sócios terá sucesso, até porque o calendário de competições do estado é curto e pouco atrativo a quem gosta de futebol, sem falar que ao montar uma equipe mais fraca tecnicamente será difícil o torcedor trocar o futebol repleto de astros na TV pelos atletas locais. Para gerar receita através do quadro social o atrativo não pode ser o departamento de futebol profissional apenas. Oferecer sorteios de prêmios como eletroeletrônicos é um caminho certo para o sucesso, em especial se o clube se associar a uma marca de produtos ou de loja que goze de credibilidade. Um quadro entre 1200 e 1500 sócios a R$ 30,00 por mês com direito a participação em sorteios mensais ou quinzenais não é difícil de ser alcançado em uma cidade com mais de 200 mil habitantes. O valor dos produtos sorteados e uma forte divulgação dos prêmios e de suas entregas fortalecerão e tornarão atrativo associar-se ao clube, pois muitos serão os sócios que não irão aos jogos inicialmente, mas contribuirão em dia com o clube.
Outro tema fundamental é a renegociação das dívidas trabalhistas e com fornecedores. A maior parte dos clubes do Brasil paga caro por sua desorganização e por não honrar seus pagamentos a funcionários e fornecedores. A maior parte do valor econômico das dividas advém não do valor real devido, mas do fato de que o clube simplesmente não comparece as audiências em que é intimado e acaba sendo julgado a revelia, aumentando astronomicamente o valor real devido. Posso citar atletas que tinham direito a receber algo em torno de 5 mil Reais e pedem mais de 30 mil. Como o clube simplesmente não comparece para se defender acaba condenado aos 30 mil mais multas e honorários. Por outro lado já presenciei diversos dirigentes de coragem que chamaram seus credores e realizaram acordos de pagamento parcelado e com valores menores aos que foram condenados. Isso traz a credibilidade moral e legal de volta ao clube, mas é preciso coragem para tratar do tema e mais coragem ainda para manter o compromisso do pagamento. Acordos coletivos acabariam com 90% dos processos e condenações existentes contra o Palmas FR.
Por hora vou parar de escrever por aqui. Voltarei em um próximo texto para tratar das outras áreas de um clube de futebol e como o Palmas FR poderia reestruturá-las. Um abraço a todos! 

A crise do Palmas FR – 1ª Parte

           Ontem escutei o programa de Marcelo Silva na rádio CBN Tocantins que trazia uma entrevista ao vivo com prefeito da cidade, Raul Filho, abordando temas importantes ao cotidiano de quem, assim como eu, vive em Palmas. Tenho o habito de escutar tal programa com certa regularidade, pois o entendo de bom nível e sempre abordando temas do cotidiano que nos afeta de uma maneira ou outra. Outro ponto alto do programa é a presença de convidados que enriquecem os debates. Comento esta minha preferência por tal programa para justificar o porquê de não acompanhar o programa esportivo local, que é transmitido pela mesma rádio e acontece ao final do programa de Marcelo Silva. O programa CBN esportes, transmitido pelo jornalista Reinaldo Cisterna e Marcelo Santos não é ruim; ao contrário, é um dos melhores programas esportivos transmitidos por aqui, sempre trazendo o esporte local como notícia, sem esquecer os acontecimentos nacionais e internacionais, mas para ser franco depois de escutar o prefeito da cidade não estou disposto a escutar outra entrevista dos jogadores do Palmas FR ameaçando greve por falta de salários. Por favor, entendam que é uma questão pessoal que nada tem a ver com o programa em si. Mas ontem, sabe-se por que razão, escutei o programa inteiro que tratava justamente da possível greve dos jogadores do Palmas FR.
            O fato que me chamou atenção não foi a greve dos jogadores em si, afinal no Tocantins os jogadores ficarem sem receber já está virando prática comum entre os clubes, salvo algumas exceções. O que realmente me fez ficar atento ao programa foi os comentários do Reinaldo criticando a R+, empresa que investiu no clube ao principio da temporada contratando comissão técnica e jogadores, mas que atualmente já não detém nenhum vinculo com o clube. A critica do jornalista estava focada no fato de a empresa voltar a oferecer dinheiro ao clube para que pudesse pagar jogadores e fornecedores, mas sob a ótica do programa nada mais era do que um interesse em utilizar a vaga que o Palmas FR possui para disputa da Copa São Paulo, competição mais importante para jovens jogadores e que tradicionalmente revela talentos de clubes menores que acabam depois vendidos a clubes de maior poder econômico, para formar uma equipe apenas com jogadores da empresa. Reinaldo se posicionou totalmente contra ao que ele chamou de “aluguel do clube”. A questão é: ele é a favor de clubes que contratam jogadores sem nunca pagá-los, deixando-os passar privações inclusive de comida?!
            As atitudes bairristas só nos levam a intolerância, a discriminação, xenofobia, violência e a provocar atos injustificados contra o próximo. Se o Palmas FR não tem condições de se sustentar e cumprir seus compromissos é preferível que feche acordos que o permitam manter seus portões abertos e lutar para reverter sua condição atual do que seguir “passando a perna” em todo mundo. Outro ponto a ser levado em conta é que se o Palmas FR está nesta situação demonstra que as inúmeras gestões que presidiram o clube foram incapazes de gerir o clube de forma eficaz, portanto a perpetuação destes métodos tendem a afundar ainda mais a situação do clube.
            Espero que o Pedro Donizete, presidente recém eleito do Palmas FR, seja capaz de reverter a atual situação que vive o Palmas pelo bem do futebol local. Torço para que o Palmas FR encontre uma boa administração que o coloque nos trilhos da salvação finalmente, mesmo que seja através da firma de acordos com investidores oriundos de fora.

PS: Segurei a falar do Palmas FR apresentando uma proposta de reestruturação em um próximo texto!

terça-feira, 17 de maio de 2011

A chantagem social!


            Estou sendo indagado por um amigo sobre um de meus textos. Ele simplesmente diz que discorda praticamente de tudo o que eu escrevi, em especial sobre o fato de eu, em meu texto, dizer que não existe no Brasil nenhum trabalho de formação de atletas de futebol que priorize formar cidadãos que deva ser levado em consideração. Isto realmente indignou ele a ponto de fazer o seguinte comentário: “Eu sei de um clube que até incentiva os jogadores a estudar!”. Depois disto simplesmente parei de escutar o que ele estava dizendo! Precisamos, urgentemente, de uma revolução moral, cultural e de valores em nossa sociedade.
            Qual é os nortes que guiam, ou deveriam guiar, nossa sociedade? Quais são os alicerces sobre os quais está construída nossa sociedade? Qual a função do estado, da família? Do cidadão? Estas são as perguntas que necessitamos fazer urgentemente a nós mesmos. Não existe isto de incentivo ao estudo. Existe o fato estatístico de que em uma sociedade sem formação, maiores são as diferenças sociais, o aumento da criminalidade, etc. formar jogadores de futebol é um processo complementar a formação do individuo como agente integrante da sociedade e não o inverso. Muitos clubes de futebol formam jogadores de futebol e os incentivam a se complementarem como pessoa. O caminho a seguir é o oposto; formar pessoas e incentivá-las a tornarem-se desportivas por possuírem talento, inato ou adquirido, para tal.
            A mentalidade dos dirigentes, que são cidadão antes de tudo, é exatamente igual a do meu amigo. Mas em minha opinião particular o maior problema está nos treinadores de futebol das categorias de base, pois cabe a eles diretamente assumir o papel de executor de um plano de formação de atletas, que todos deveríamos saber, mas que simplesmente não existe no Brasil. Não digo que os treinadores deveriam mudar as imposições das direções de clubes, lutar contra os empresários de futebol ou sair dando porrada nos pais e mães que abandonam os empregos na expectativa de que seus filhos, as vezes com 12 ou 13 anos, sejam o arraigo da família. Digo sim é que eles poderiam dedicar uma parte de seu tempo a realizar um trabalho de formação das habilidades técnicas dos jogadores, o que elevaria a qualidade geral do grupo de atletas dando ao treinador a maior ferramenta contra a má formação pessoal do indivíduo: a chantagem!
            Assistentes sociais e psicólogos que me desculpem, mas um treinador de futebol que atue nas categorias de base de grandes clubes atualmente é refém dos próprios atletas, pois estes individualmente costumam “resolver” os jogos com lampejos de qualidade técnica impressionante e contra isso, somado ao contexto que comentei anteriormente somente a presença de mais jogadores qualificados tecnicamente permitirá ao treinador de futebol, sem contrariar as regras da direção, preservar seu emprego e contribuir para construção de pessoas melhores através da chantagem de que jogará aquele que tiver melhor rendimento escolar. Em um contexto onde haja 30 jogadores capazes de realizar os movimentos técnicos necessários para executar as soluções táticas demandadas pelo jogo em si será fácil aos treinadores de futebol transformar simples atletas em arraigo social, sustentando a si próprio dentro ou fora de campo.
            Como se faz isso? Basta aos treinadores de futebol executar aquilo que, em teoria, são pagos para fazerem: formar jogadores de futebol, através de métodos e técnicas de treinamento. Mas a formação de treinadores é outra história, pois tem treinador de futebol por aí tido como guru da bola que só o que sabe é dar coletivo e bronca, sem nunca prover, através de método, habilidade técnica aos jogadores. Mas este tema fica para outro texto, pois meu amigo já se deu por conta que não estava mais escutando-o e foi embora!

Mandarim, escolas de futebol e a educação no Brasil

Estava em casa divagando nos pensamentos e sonhos mais absurdos, dentre estes, alguns voltados em beneficio do bem maior, um bem social, uma revolução educacional beneficiando os pequenos brasileirinhos que sonham em ser jogadores de futebol e, em busca deste sonho, esquecem as dificuldades sociais existentes no país que tornam o que é difícil em improvável. Em meio a meus devaneios maníacos de grandeza e incrível fé na política nacional que me faz questionar minha sanidade e me mantém alheio as religiões, já que ter fé nos políticos do Brasil já rouba toda minha energia e me impede de crer que, de acordo com o Mel Gibson, alguém foi surrado daquela maneira, traído, crucificado e ainda sim teria dito para que seu pai (Deus) os perdoasse; enfim, como dizia, em meio a meus devaneios escutei duas noticias importantes: A presidente Dilma aposta no crescimento das exportações brasileiras para a China e as dificuldades encontradas pelo jogador Obina em adaptar-se a vida na mesma China.
            Vamos nos permitir sonhar com um país onde não haja fome, desigualdades regionais gritantes, injustiça social, onde nossa educação seja de nível finlandês, que abominemos o jeitinho brasileiro de ser, a enormidade de feriados, onde atuar no setor público seja algo apenas para os desprovidos de ambição. Imaginemos! Neste contexto nossas escolas esportivas (que existiriam dentro das escolas convencionais é obvio!) ministrariam seus treinamentos, ou parte deles, em mandarim, complementando através da conversação a parte teórica estudada em sala de aula. Já que temos este nível avançado de educação esta claro que também somos evoluídos em técnicas de treinamento esportivos fazendo que nossos jovens desportistas tenham que escolher, precocemente, entre seguir a carreira de diplomata ou jogar futebol profissionalmente.
            Por que treinamentos em mandarim? A China é a atual potencia econômica do mundo e tende a seguir assim por pelo menos 30 anos; porque assim receberíamos um grande numero de chineses em nossas escolas, atraindo dinheiro ao país e nossos atletas migrariam para China com extrema facilidade, aliás a mesma que seria vista em empresas brasileiras e mundiais, de todos os tamanhos, que absorveriam inúmeros alunos, que por circunstancias alheias a nossa vontade, simplesmente não tornar-se-iam nem jogadores de futebol nem diplomatas, mas pelo domínio do mandarim, além dos conhecimentos elevados adquiridos em escolas brasileiras de nível finlandês, ingressariam com larga vantagem no mercado de trabalho “formal”. Não preciso dizer que trabalhadores qualificados que falem mandarim no atual mundo globalizado seriam disputados desde o exercito americano até a Al Caeda, mas optariam, é claro, por empresas com maior consciência social.
            Como disse inicialmente estes são pensamentos pretensiosos oriundos de uma mente megalomaníaca e com incrível fé nos políticos do Brasil, em suma; de um louco não diagnosticado por simples falta de médicos e instituições psiquiátricas no Norte do Brasil. E como sei disso? Acabei de ler alguns trechos do livro de língua portuguesa Por uma Vida Melhor, da coleção Viver, Aprender, adotado pelo Ministério da Educação (MEC) que diz ser válido o uso de frases como “Nós pega o peixe” ou “os menino pega peixe”. E eu, ainda, acho que deveríamos ensinar mandarim nas escolas de futebol do Brasil!  

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Políticas públicas voltadas ao esporte e sua repercussão social

Entender o que é esporte e como devem ser geridas as políticas públicas voltadas ao esporte nos faz o valorizar mais e, principalmente, ver que administração do esporte seja a nível municipal, regional, estadual ou federal é muito mais do que dar dinheiro a clubes, uniformes a equipes de veteranos ou patrocinar o transporte a desportistas quando de competições fora de sua localidade. Esporte é tão importante quanto, educação, segurança e saúde; pois as políticas voltadas ao esporte refletem diretamente no resultado destes três setores além de outros de vital importância.

Para tratarmos do assunto vamos passar a uma breve introdução sobre políticas de atenção ao esporte. Em nível público administrativo o esporte deve estar escalonado da seguinte maneira: Esporte educativo-recreativo, Esporte como ferramenta de apoio a saúde populacional e Esporte de rendimento. Logo, a planificação da ação a ser executada pelo poder público deve levar em conta tais princípios e, o mais importante, na referida ordem de prioridade. Sendo assim não podemos ser coniventes com grandes subsídios ao esporte de rendimento e praticamente nada ao esporte educação-lazer e ao esporte saúde, que acaba sendo o quadro predominante no país. Esporte é direito de todos e não apenas de um pequeno grupo. Esporte é uma expressão social do povo como um todo.

Agora que temos claro o norte de uma política esportiva de qualidade vamos ao processo de implantação e execução de tais parâmetros em sinergia com nosso modelo social. Em primeira instância cabe ao gestor publico criar um ambiente propicio a prática do esporte educativo-lazer. Medidas como aquisição e cessão de material esportivo à escolas do ensino fundamental e médio; igual medida voltada as escolas esportivas geridas por líderes comunitários; dotar de infra estrutura esportiva áreas verdes como praças, parques, quadras, vestiários, salas, campos, etc; apoiar a formação de monitores esportivos comunitários; promover festividades e competições esportivas de integração locais e entre localidades. No âmbito esporte saúde podemos dizer que as primeiras medidas já geram impacto sobre esta área também, podemos então acrescentar ações como programas de orientação esportiva para jovens e adultos, tais como escolas esportivas para crianças e jovens, programas de atividade física orientada por profissionais de educação física como as sessões de ginástica para terceira idade em praças esportivas públicas, interlocução (troca de informações) com autoridade sanitária local a fim de desenvolver programas de orientação física para grupos de risco como grupos de atividade física por solicitação médica voltada à pacientes em tratamento preventivo ou ativo, da hipertensão por exemplo.

Quanto ao esporte rendimento é dever do administrador público gerir programas que tragam retorno social. Ao apoiar um determinado atleta do judô, por exemplo, quando este atleta atingir um nível elevado de resultados será sua conquista um catalisador para que mais crianças e jovens ingressem na prática esportiva desta modalidade; porém de nada adiantará isto se a gestão pública não tiver dotado de uma estrutura mínima para absorver tal demanda. Um programa de apoio ao esporte de rendimento não pode ser simplesmente a transferência de recursos econômicos como forma de patrocínio de atletas ou entidades, deve o gestor promover ações formativas tanto de profissionais que são e serão os agentes de formação de atletas, assim como promover eventos esportivos de alto nível em sua localidade. Criação de centros de alto rendimento é outro passo deste processo e, uma vez mais, isto será facilitado se existir previamente ações esportivas citadas nas áreas de esporte educação/lazer e esporte saúde. Dotar de recursos entidades de rendimento para que construam infra-estruturas capazes de gerar renda e acabe com dependência do estado por parte de clubes e entidades. Programas de intercambio e gestões especializadas buscando atrair expertos em modalidades esportivas também serão de grande valia.

No Brasil de hoje mais pessoas estão tendo acesso a itens não acessíveis ao brasileiro pobre até alguns anos atrás logo, mais refrigerantes, doces e frituras estão chegando à mesa dos brasileiros e isto já se reflete no aumento da população obesa no país. Em breve estes números se transformarão em aumentos dos custos com saúde no país, que por sinal já vive um caos. Os jovens de hoje passam mais tempo na rede mundial de computadores, jogam mais jogos eletrônicos e há cada vez menos espaços verdes e a educação física escolar agoniza; muito cedo veremos mais e mais jovens caindo nas “garras” das drogas, na violência, mais casos de bullying acontecerão; e isto demandará mais gastos com segurança pública. Há uma maior demanda por profissionais em vista do crescimento do país, mas há uma alta escassez de mão de obra qualificada, pois apesar de haver mais escolas e mais oportunidades de ingresso nas universidades há uma crise de valores na juventude que faz com que aumentem os números da evasão escolar e um baixo índice de aprendizagem. A educação em valores é uma das maiores contribuições que o esporte traz a sociedade. Ao promovermos o esporte estamos promovendo justiça social, ascensão e surgimento de líderes positivos que servirão de modelo para que a juventude seja impulsionada a seguir e se esforçar mais e mais em busca da excelência assim como seus ídolos.

Se você é pai, se está insatisfeito com saúde, segurança e educação do país, se não vislumbra uma saída a curto prazo para a crise de valores que vivemos no Brasil, se está assustado com o avanço das drogas, se não entende como um país rico de recursos como o Brasil ainda passa por dificuldades “africanas”; talvez valha a pena levar adiante esta discussão, pois tenho convicção que não encontrará outra saída que reúna velocidade de ação e resultado, baixo custo e, já que estamos em tempos de sustentabilidade e responsabilidade social, seja tão benéfica sem gerar nada de agressão social ou ecológica.

domingo, 15 de maio de 2011

Talento – Formando engenheiros do futebol!



Há algum tempo desejo escrever sobre talento no futebol brasileiro. Enquanto espero os clássicos do futebol regional espalhados pelo país, um fato extra me motivou a escrever e elucidar, sob minha ótica, a questão “talento” no contexto do trabalho de formação nas escolas de futebol e nas categorias de base do futebol tupiniquim. Recebi um comentário em meu último texto! Convenhamos que alguém se prestar a ler meus textos já é muita presunção de minha parte, mas que ainda se dê ao trabalho de comentá-lo é realmente surrealismo. Devido a tamanha felicidade e súbita inflação de ego, escreverei para meus leitores sob talento; não meu talento, mas dos atletas de futebol brasileiros.

Tudo seria mais fácil, e profissional, no trabalho de formação de atletas, se os gurus (treinadores) do futebol brasileiro se dessem o trabalho de ler. Não estou falando de nenhuma publicação inovadora baseada em uma pesquisa norueguesa, publicada em mandarim; estou falando do dicionário, ou como dizia minha professora de português da sétima e oitava séria o “amansa burro”. Segundo o dicionário, a palavra talento significa aptidão invulgar (natural ou adquirida); engenho. Esta definição nos leva a primeira certeza quando conversarmos com os gurus da bola novamente, a de que ao justificarem que os jogadores de futebol que chegarão ao alto rendimento são aqueles que simplesmente tenham talento. Poderemos, neste momento, devido a nossa descoberta, questioná-los se talento não é algo que se pode adquirir? Não é o seu (do treinador) trabalho ensinar, através de métodos de treinamento, os atletas levando-os a adquirirem o tal “talento” necessário para chegar ao alto nível?
Ao atentarmos ao significado de talento também encontramos engenho como significado. Um engenheiro, segundo o dicionário, é um especialista nos domínios da ciência e da técnica. Tal descrição serve perfeitamente para definir o Neymar, por exemplo, afinal ele é um especialista nos domínios da ciência e da técnica do futebol. Pergunta: se podemos formar um engenheiro civil, agrônomo ou de alimentos porque não podemos formar um jogador de futebol? Na realidade podemos, basta que os gurus da bola no Brasil parem de enganar a si e aos outros utilizando a idéia de que os jogadores que chegam ao alto nível não necessitam de nada além da sorte, pois são talentosos naturalmente para isso; e excluam crianças e jovens de seguirem seus sonhos com o pretexto de não possuírem o dito talento. Por favor, senhores gurus da bola, vamos trabalhar.
Ensinar, ou dotar de talento, baseia-se em proporcionar ao individuo (atleta) recursos técnicos através da vivência de experiências diversificadas e escalonadas em intensidade e grau de dificuldade, com uso de meios e métodos pedagógicos de ensino, exatamente como se ensina matemática, português, química e física por exemplo. As crianças devem experimentar (treinar) condução de bola, para elucidar com um exemplo, com todas as superfícies de contato possíveis pela regra do jogo e com base na experiência adquirida por outros que antecederam no uso deste hábito (o mesmo que dizer conduzir com o pé e suas diferentes superfícies); devem ainda provar as variantes de velocidade de execução, direção e alternância de membro executor (trocar o pé de contato). Devem ser ensinadas a conduzir a bola junto ao pé e porque fazê-lo. Este sistema vale para passe, domínio de bola, chute, jogo de cabeça, drible, técnicas defensivas e ofensivas individuais e até para tática do jogo.
Enquanto os gurus da bola seguem descobrindo talentos eu pretendo ajudar os futuros engenheiros do futebol a extraírem o máximo de suas aptidões técnicas através de um processo de ensino da técnica do futebol. Tudo isto porque alguém se deu ao trabalho duplo de ler e comentar sobre meu texto anterior. Quem sabe alguém não ajuda a divulgar isto para os gurus da bola, assim como para pais e atletas.

sábado, 14 de maio de 2011

Joss Stone e o talento do futebol brasileiro

Enquanto curto a boa música e singular voz de Joss Stone cantando Less is More, aproveito para refletir sobre os magos do futebol tupiniquim. Se você ainda não entendeu a relação entre Joss e os treinadores de futebol do Brasil eu passarei explicar. Tudo é uma questão de tirarmos os “pré-conceitos” que temos e esquecer as tais “verdades absolutas” sobre futebol que assistiremos o surgimento de muitos “Joss Stone´s do futebol”.

O Soul é um estilo de música originário dos Estados Unidos que nasceu do rhythm and blues e do gospel durante o final da década de 50 e início da década de 60 entre os negros. Durante a mesma época, o termo soul já era usado nos EUA como referência ao afro-americano, como “soul food” (comida de negro). Esse uso apareceu justamente em uma época de vários movimentos de liberalismo social, tanto com a revolução dos jovens com uso das drogas, como movimentos anti-guerra e anti-racial. Por conseqüência, a música soul nada mais era do que uma referência a música dos negros, independentemente do gênero. Como não sou consultor musical não vou me estender muito no assunto, apenas acrescentando que o movimento da música soul pertence definitivamente aos Estados Unidos.

Joscelyn Eve Stoker, nascida em 11 de abril de 1987 em Dover, Kenti; Inglaterra, do signo de Áries como eu, conhecida por seu nome artístico Joss Stone é uma loira linda, além de grande cantora e compositora. Joss viveu boa parte de sua vida em Ashill, Devon, também na Inglaterra. Esta talentosa cantora vendeu mais de 10 milhões de álbuns em todo o mundo. Ela foi premiada pela RIAA (Recording Industry Associations of America) com disco de platina por Mind, Body & Soul, e disco de ouro por The Soul Sessions e Introducing Joss Stone.

Acho que você já sabe qual é o estilo musical que Joss Stone canta certo? Isso mesmo, Soul music. Isso deveria fazer-nos pensar como é possível que uma mulher branca, inglesa e de apenas 24 anos faça tanto sucesso com um estilo musical que a um primeiro olhar, e a um segundo também, nada tem a ver com jovens, ingleses e brancos?! Isto só acontece porque no meio musical, que privilegia sempre a criatividade, os descobridores de talento estão sempre abertos a novas e inovadoras possibilidades sem se apegar a estereótipos. O futebol brasileiro está vive, basicamente, do surgimento de novos talentos, mas é incrível como os descobridores de talento e os treinadores de escolas de futebol e categorias de base insistem em traçar modelos prontos para atletas de futebol, decidindo quem está apto e quem não está. O pior de tudo é que o modelo seguido pelos “magos” da bola no Brasil é a antítese do que vendemos ao mundo. Os gurus não estão abertos a nada de diferente; pra você ser jogador de futebol no Brasil a fórmula, de acordo com os magos da bola, é a seguinte: Pobre (muito pobre mesmo, tipo sem ter o que comer em casa); Grande como nazistas alemães (não sei se os nazistas eram grandes, mas sempre tive a imagem na cabeça de que os nazistas eram grandes); Ignorantes, pois atleta que estuda não é bem visto pelo grupo (muito menos pelos treinadores), acho que é um certo medo de que os atletas se expressem melhor que os treinadores e comecem a questioná-los; Ruivos não são aceitos. Já rompemos a barreira entre brancos e negros, mas definitivamente os ruivos não são aceitos no futebol, tendo como argumento a pergunta retórica: você já viu algum ruivo ser bom jogador? Definitivamente existem outras receitas “infalíveis” que regem a receita do atleta ideal para jogar futebol, mas a Joss Stone parou de cantar por aqui então vou nessa!

Aproveitemos para refletir sobre quantos “Joss Stone´s” nós já perdemos por causa de nossos gurus do futebol tupiniquim? Robinhos, Ronaldinhos, Neymares, pra não falar do Kuyt, Crouch e Cruyff; este último devido a sua inteligência no Brasil seria impedido até de jogar pelada na calçada!





sexta-feira, 13 de maio de 2011

Os fundamentos técnicos do futebol e seu treinamento


Em minhas apresentações sobre metodologia de treinamento tenho abordado uma proposta onde treinamos isoladamente os fundamentos técnicos através de exercícios que levem o atleta/aluno a experimentar e ambientar-se nas diferentes situações que se apresentarão durante um jogo de futebol e aplique diferentes soluções (técnica) para resolver as exigências do exercício, assim como durante um jogo oficial de futebol. Posso dizer que o objetivo é dar a criança/aluno a mais variada vivencia possível de elementos técnicos que serão necessários para jogar futebol tecnicamente bem. O que me surpreende é que na maior parte das vezes que interajo com algum treinador/professor descubro que eles desconhecem os elementos técnicos individuais, suas variações e muito menos o porquê treiná-los. É como se um professor de matemática não soubesse somar, subtrair, multiplicar e dividir.

Atualmente vejo muitos “gurus” do futebol preocupados discutindo táticas do futebol, mas não encontro ninguém preocupado com a técnica do futebol, sendo que isto antecede qualquer desenvolvimento tático. Para que fique claro gosto de dizer que Mourinho e Guardiola, mestres da tática, não teriam emprego se não fosse a técnica de seus jogadores. Mourinho joga um futebol baseado na defesa e na ligação direta ao ataque (chamamos isto de futebol direto), enquanto Guardiola joga um futebol com base em toque de bola e muita movimentação (futebol combinativo). Nenhum dos esquemas de jogo sobreviveria se não houvesse executores de alto nível técnico, pois ao lançar uma bola da defesa ao campo ofensivo é necessário, além do entendimento tático, um excelente passador e um jogador com domínio e condução aliado a velocidade, sem falar de dribles e chutes precisos ao concluir. No Barcelona de Guardiola bastaria um equivoco de passe para que a equipe catalã perdesse todas suas partidas, sem falar que devido a sua constante movimentação é comum vermos volantes concluindo e atacantes defendendo, tudo isto é possível graças ao elevado nível técnico de seus jogadores. Ao contrário do que possa parecer a maioria do jogadores a disposição de Mourinho e Guardiola são oriundos de equipes de base européias, pois as escolas sul americanas são pobres em formação de atletas.
Os elementos técnicos fundamentais, que todas as escolas de futebol e as categorias de base dos clubes deveriam dedicar algo como 90% do seu tempo de trabalho de campo, são divididos da seguinte maneira:

• CONDUÇÃO
• DOMÍNIO DE BOLA
• PASSE
• CHUTE
• JOGO DE CABEÇA
• DRIBLE
• TÉCNICA INDIVIDUAL DEFENSIVA
• TÉCNICA INDIVIDUAL OFENSIVA

Para cada elemento técnico existem variantes de execução. Desenvolver um sistema de treinamento que induza o aluno/atleta a experimentar e aperfeiçoar cada um deles é o trabalho que, em teoria, deveria ser executado em escolas de futebol e categorias de base para que somente depois de dominado completamente pelos atletas inserirmos conceitos táticos mais avançados. De maneira utópica, digamos que uma equipe fizesse o trabalho técnico como deve ser feito garanto a todos que ensinando apenas a regra do jogo e o hábito de atacar e defender em grupo (transições) teríamos uma equipe imbatível até os juniores.
Por hoje é só pessoal! Quem quiser informações sobre treinamento técnico de futebol é só entrar em contato.

Treinamento da técnica do futebol nas escolas de futebol do Brasil...


Em meus novos tempos de Brasil resolvi assessorar uma escola de futebol particular repassando aos professores aquilo que observei, estudei, aprendi, desenvolvi e apliquei em meus anos de futebol europeu. É impressionante que nós brasileiros realmente acreditemos no fato, inverídico, de que somos o país do futebol. Se fosse assim todos os professores do mundo viriam ao Brasil aprender o nosso “segredo” evento que não procede. Uma das maiores maldades e injustiças sociais e esportivas são cometidas pelos “mestres” do futebol brasileiro que se dizem verdadeiros gurus descobridores de talento e, como se não bastasse, também determinam quem não é ou será capaz de praticar esportes, em especial o futebol. Estes pseudo-gurus são justamente os treinadores/professores de futebol que trabalham com milhares de jovens e crianças todos os dias e tem a missão de ensinar futebol à elas.

Não há no Brasil nenhuma publicação sobre um modelo de treinamento que ensine e potencialize os fundamentos técnicos do futebol, estamos entregues ao acaso e a bondade divina, que em única instancia, é a quem cabe nos enviar Neymares, Ronaldinhos e Lucas. As escolas de futebol, assim como as categorias de base, desenvolvem seus trabalhos de maneira extremamente desmotivados, pois afinal eles não servem para nada (o trabalho), pois estamos, literalmente, nas mãos de Deus. Por outro lado a maioria dos jogadores europeus, de grandes equipes são oriundos das escolas de futebol, pois por lá eles não confiam em Deus. Não digo que as nações européias não sejam cristãs, aliás, o Vaticano está em solo europeu, mas, assim como eu, por lá eles crêem que Deus está preocupado com temas mais importantes do que a formação de jovens jogadores.

Tratemos agora sobre o que estou trabalhando junto aos professores da escola de futebol, que comentei no inicio do texto, que ofereço serviço de coaching. Meu trabalho pode se entender por unificação de um plano anual de treinamento da técnica de futebol através de um programa desenhado através de sessões de trabalho (treinos) divididos em elementos técnicos fundamentais ao jogo de futebol e suas variantes. Somamos a isso introdução a tática individual e coletiva e educação de valores, que afinal estão presentes no esporte de um modo geral, contribuindo para a formação de jovens desportistas como e quanto cidadãos.

De um modo geral as escolas de futebol não estão preocupadas em formar atletas, tampouco os clubes se preocupam com isso, logo teremos um quadro de aniquilação precoce de talentos esportivos e sacrifícios morais que levam, em última instancia, ao surgimento de Brunos, por exemplo; e adultos frustrados com o esporte de um modo geral. Não tenho nada, absolutamente nada, contra os professores de escolas de futebol e/ou os treinadores de futebol das categorias de base dos clubes brasileiros, aquilo que me ofende e preocupa muito é o fato de uma boa parte destes professores/treinadores simplesmente não querem aprender nada de novo a fim de contribuir para a formação do atleta e do individuo através de seu trabalho junto aos jovens.
Bom gente, eu vou ficando por aqui pretendendo dar minha humilde contribuição através de um método de trabalho para o desenvolvimento da técnica individual do futebol. Se passar por aqui alguém disposto a disseminar esta idéia informo que pouco a pouco vou divulgar textos sobre este método de treinamento. Abraço a todos.