sexta-feira, 19 de março de 2010

LISCA...


Sou fã do Lisca, Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi que por último estava no Porto Alegre equipe de minha cidade que pertence a família Assis Moreira. É claro que eu como treinador de futebol tenho muitas referencias como técnicos consagrados ou não, lembro que aprendi muito com Eugênio Lopes ex zagueiro do Pelotas e do Grêmio, com o Ernesto Guedes, com o Guilherme Macuglia, Suca, Roberto Marchetti, Julinho Camargo, Celso Roth, Eduardo, entre inúmeros outros que tive a oportunidade de trabalhar junto ou de assistir de perto seus trabalhos e métodos. Estudo a fundo todos os aspectos do trabalho do José Mourinho, do Felipao, quando posso converso com o Luxemburgo que hora e outra está visitando o estado onde vivo atualmente; tenho na figura de meu professor e orientador atual uma grande referencia, se chama Ricardo Mendoza um argentino radicado a mais de 20 anos na Espanha; enfim posso falar de muitos treinadores, mas o treinador que eu realmente admiro é o Lisca. Existem coisas que só Lisca consegue fazer, revelar jogadores é com ele, fazer jogador jogar muito mais do que é capaz é com ele também, levantar equipes, inovar em conceitos táticos, entre inúmeras outras facetas ele faz!!!
Me lembro que com meus 16 anos já sabia que queria ser treinador de futebol, alguma coisa me dizia que não tinha o talento necessário para jogar futebol profissionalmente, mas sabia também que entendia daquele jogo muitas coisas que não estavam necessariamente ligadas aos 90 minutos de uma partida, mas que definiam um jogo muito mais que o Joao de Deus definia no Passo D´areia pro Zequinha (Joao de Deus foi centro avante do São José de Porto Alegre que carinhosamente é chamado de Zequinha). E com esta juventude toda que sempre que podia pegava o ônibus Camaquã e descia no Beira Rio só pra ver os treinos do LIsca eu naquela época dirigia os juvenis do SC Internacional, me recordo que também assistia os treinos do Evaristo de Macedo no Grêmio, mas no Internacional não assistia nenhum treino do profissional só assistia o Lisca.
Houve um ano em que os juniores do Internacional disputavam o quadrangular final do campeonato gaúcho e não estavam muito bem, necessitando vencer os dois próximos jogos para sagrarem-se campeões. Lembro que me coloquei abaixo da janela do vestiário onde estavam os jogadores e fiquei escutando o LIsca dar uma palestra a grupo e, para minha surpresa não escutei um treinador falando ao seus comandados com um ar de superioridade e soberba, mas sim um cara que falava a “língua” dos jogadores e que praticamente todo tempo não falou de futebol, falou de vida, de família, de valores, das armadilhas de estar em um grande clube e perder a concentração e, quando ouvi isto soube que se tratava de um treinador especial, pois o conhecimento não é nada sem bons homens para empregá-lo. Depois da palestra que durou mais de uma hora entraram todos ao suplementar do Beira Rio para treinar e presenciei uma atitude astuta deste mesmo Lisca que colocou um meia de ligação como centro-avante. Dois jogos depois Internacional Campeao Gaúcho e o jovem meia de ligação chamado para a pré-temporada com os profissionais, mas para atuar como atacante; o nome deste jovem? Nilmar... Sempre me pergunto se ele estaria onde está se o Lisca não tivesse aquela conversa, se não tivesse a coragem de metê-lo com atacante. A diferença entre o sucesso e o fracasso pode ser medida apenas em um detalhe.
Depois de alguns anos retornei a Porto Alegre e tive a oportunidade de conhecer e conversar pessoalmente com meu ídolo juvenil, hoje treinador profissional com alguns títulos mais na carreira. Emocionei-me ao ver que a genialidade, a loucura e a inteligência emocional para lidar com jogadores são as mesmas de mais de uma década atrás. Hoje vejo o Lisca muito mais que um simples treinador de futebol vencedor, mas um homem que leva consigo uma bandeira que nem sei se ele sabe que ela existe. O sucesso do Lisca será a vitória do profissionalismo e dos profissionais multidisciplinares que atuam dentro de uma equipe e um clube como gestor de pessoas e recursos. É verdade que o Lisca também é conhecido por rompantes de cobranças exacerbadas em seus jogadores e nos árbitros durante os jogos, é verdade também que o Lisca não usa terno e gravata no campo, ainda assim sonho em ver o Lisca derrotando as ditas grandes figuras que trabalham em equipes de ponta do país do futebol, afinal é muito mais divertido ver a cara de incredibilidade de um treinador dentro de um terno Giorgio Armani ao ser derrotado pelo jovem (hoje não tão jovem) de jeans e camiseta. A capacidade de um profissional não pode ser medida pela roupa que veste mas sim pelo caráter de sua equipe.
Para finalizar desejo que o Lisca simplesmente vença e que descubra o quanto é importante a luta que ele está travando. De cá eu observo, torço muito e sigo esperando o grande dia dele, pois sei que no dia que isto acontecer nosso próximo encontro será em um campo de futebol cada um defendendo sua equipe. Sem falsa modéstia o Lisca é bom pra caramba e não é a toa que eu o tenho como modelo, mas sim porque minha meta é rivalizar com ele e não com os de terno e gravata e vazios de conhecimento. Mas que um time o Lisca leva uma geração atrás dele!!!

quinta-feira, 18 de março de 2010

"O prazer de acertar um chute no ângulo da goleira. Qualquer goleira. O que pode se comparar, na experiência humana? "

A Paixão pelo Futebol é algo incontestável para a maioria dos brasileiros...e na minha atual jornada isso se confirma dia após dia...por isso resolvi postar hoje uma crônica de um dos meus escritores favoritos ( literatura é uma outra grande paixão que tenho)...apreciem..sem moderação essas e outras crônicas de Luis Fernando Veríssimo.



"O prazer de acertar um chute no ângulo da goleira. Qualquer goleira. O que pode se comparar,
na experiência humana? Ou na experiência humana de um brasileiro?"

* Luis Fernando Verissimo – Jornalista e escritor

Começa quando a gente é criança. Quando qualquer coisa - até o corredor da casa - é um campo de futebol e qualquer coisa vagamente esférica é a bola. Se é genético, não se sabe. Um brasileiro criado na selva por chimpanzés, quando se pusesse de pé, começaria a fazer embaixadas com frutas, mesmo sem saber o que estava fazendo? Não se sabe.

Nenhum prazer que teremos na vida depois, incluindo a primeira transa, se iguala ao prazer da primeira bola de verdade. Autobiografia: sou do tempo da bola de couro com cor de couro. A oficial, número 5. Ganhei a minha primeira com cinco ou seis anos. Ainda me lembro do cheiro. Depois de ganhá-la, você ficava num dilema: levá-la para a calçada e começar a chutá-la, ou preservar o seu couro reluzente? Uma bola futebol de verdade era uma coisa tão preciosa que se hesitava em estragá-la com o futebol.

Futebol de calçada. O tamanho dos times variava. De um para cada lado a 14 ou 15 para cada lado. Duração das partidas: até escurecer ou a vizinhança reclamar, o que acontecesse primeiro.
Nada interrompia as partidas. Ninguém saía. Joelho ralado, a mãe via depois. Gente passando na calçada que se cuidasse. Só se respeitava velhinha, deficiente físico e, vá lá, grávida. Os outros não estavam livres de ser atropelados. Quem mandara invadir nosso campo?

Comparado com calçada, terreno baldio era estádio. E terreno baldio com goleiras, então, era Maracanã. As goleiras podiam ser feitas com sarrafos ou galhos de árvore. Não importava, eram goleiras. Um luxo antes inimaginável.

O prazer de acertar um chute no ângulo da goleira. Qualquer goleira. O que pode se comparar, na experiência humana? Ou na experiência humana de um brasileiro?

Todos estes prazeres passam - com o tempo e as obrigações, com a vida séria, com a barriga - mas o amor pelo nosso time continua. Confiamos ao nosso time a tarefa de continuar nossa infância por nós. Passamos-lhe a guarda dos nossos prazeres com a bola. A relação com o nosso time é a única das nossas relações infantis que perdura, tão intensa e irracional quanto antes. Ou mais.

De onde vem isso? Que tipo de amor é esse? Um mistério. Dizem que no fundo é uma necessidade de guerra. De ter uma bandeira, ser uma nação e arrasar outras nações, nem que seja metaforicamente. Psicologia fácil. Não explica por que a pequena torcida do Atlético Cafundó, que nunca arrasará ninguém, continua torcendo pelo seu time. Talvez o que a gente ame no futebol seja o nosso amor pelo futebol. Isso que nos faz diferentes dos outros, que amam o futebol mas não tanto, não tão brasileiramente.

Ou talvez o que a gente ame seja justamente o mistério.

sexta-feira, 5 de março de 2010


Rotina de muito trabalho durante toda essa semana, treinos táticos, técnicos e análise de vídeos, dia e noite visando o jogo que teremos no sábado dia 6 contra o Carrick Rangers, o contato com a torcida no último jogo que vencemos por 3 x 0 tem nos inspirado bastante.