quinta-feira, 26 de maio de 2011

A crise do Palmas FR – Final


Patrocínios, eventos e patrimônio

Já falei aqui em quadro social, categorias de base e prospecção de investidores. Para dar sequencia àquilo que denomino propostas de reestruturação de um clube de futebol vou escrever neste texto sobre patrimônio, eventos e patrocínios. Como citei em outra oportunidade meu modelo é o Palmas FR e minhas observações provem das características locais do futebol daqui.
Promoção de eventos, prospecção de patrocinadores passam por fortalecimento da marca. Não podemos desprezar, no caso do Palmas FR, o fato do clube ser o maior vencedor do futebol do Tocantins, mas anos de repetidas administrações imprudentes e inconseqüentes, sem falar do uso do clube para trampolim político fizeram que os aspectos negativos se sobressaiam sobre os títulos do passado. Fortalecimento da marca não é um processo rápido, mas ao contrário disso, se dá através de planos de longo prazo, ou seja, estamos falando de gestão e planejamento outra vez.
A cidade de Palmas é formada por uma população migrante de outros estados. Gente que chegou por aqui e trouxe consigo sua paixão clubística, logo, vemos nas ruas camisas de Flamengo, Vasco da Gama, Internacional, Grêmio, São Paulo, Corinthians e outros clubes de destaque nacional. Atualmente não se vê pessoas uniformizadas com a camisa do clube da cidade. Mas é importante dizer que em qualquer cidade do mundo quando uma equipe, seja grande ou pequena, está em baixa é difícil se ver camisas pelas ruas, assim como se enchem as mesmas ruas quando a equipe está em uma boa fase. Por isso podemos concluir que usar ou não a camisa de um clube está diretamente ligado a uma questão de auto-estima. O Palmas FR teve momentos de glória poucos anos atrás quando chegou a uma fase adiantada da Copa do Brasil, eliminado clubes do centro do país com mais história e expressão.
Recuperar a auto-estima dos torcedores passa por resultados sim, mas no caso do Palmas FR é uma questão de criar uma torcida, pois como disse anteriormente uma cidade com 22 anos não possui muitos cidadão nascidos aqui. Um amplo acordo social implantando escolas de futebol públicas com o nome do clube (que por sinal é o mesmo da cidade) que além de ensinar futebol, ensine valores e amor a terra trará, além de atletas, famílias inteiras para o convívio do cotidiano do clube. Envolvimento levará a comprometimento e uma nova geração de torcedores começará a se formar. Podemos chamar isso de levar o clube para perto dos torcedores, mesmo que inicialmente as pessoas não saibam que serão torcedores do clube. No Rio Grande do Sul o Internacional de Porto Alegre desenvolveu algo similar alguns anos atrás quando criou o programa Genoma Colorado. Atualmente o Internacional é um dos clubes com mais sócios no mundo. É claro que Internacional e Palmas FR pertencem a “mundos” diferentes, mas acreditem, alguns anos atrás o Internacional estava afogado em dividas, não tinha equipes competitivas, jogadores de destaque, o quadro social era pífio e seu futuro parecia ser negro; mas foi aí, que o clube resolveu apostar adivinhe no quê? Planejamento e gestão.
Quanto ao patrimônio nem o Internacional escapa, pois é inaceitável que os clubes brasileiros aceitem pagar exorbitâncias milionárias para jogadores e treinadores e quase nenhum deles tenham campos de grama artificial para os dias de tempo ruim. Da mesma forma que um clube deve destinar parte de sua receita para pagamento de dividas, estabelecer limites para despesas com futebol profissional, também deve destinar uma parte de suas receitas para aquisição de patrimônio. Seja este patrimônio esportivo ou não, mas o importante é que todo o patrimônio adquirido não represente novas despesas, mas sim receitas. Por exemplo, investir em um campo de tamanho oficial, de grama sintética marcado com subdivisões de 3 quadras de futebol-7, provido de iluminação, vestiários e área de bar não representará despesas, mas sim dividendos, pois durante o dia além da equipe profissional e de base o campo poderá ser utilizado pelas escolas de futebol e a noite alugado, gerando renda para o clube.
Você deve estar se perguntando quanto a prospecção de patrocínios certo?! Pois bem, prospectar patrocínios passa por melhoria de imagem e alcance publicitário. Em um clube de futebol não existe apenas a camisa do time principal, mas sim toda sua presença. Se você está presente em toda cidade se torna mais fácil encontrar empresas dispostas a vincular sua marca com seus projetos. Se você passou a cuidar de sua imagem e a desenvolver programas de apoio social é mais simples a uma empresa investir em seu clube do que criar seu próprio programa. Pois bem, aí está sua resposta.
Gerir um clube de futebol não é simplesmente um exercício passional em busca de títulos, mas uma grande prova de planejamento e gestão. Com isto termino minha série sobre reestruturação de um clube de futebol. Espero haver contribuído para esclarecer um pouco sobre este “mundo paralelo” que é a gestão de um clube de futebol. E termino torcendo que algum dirigente do Palmas FR leia algum trecho ou um texto que seja do que proponho através de meus escritos e comecemos a fazer futebol sério por aqui. Se acredito nos políticos porque não crer nos dirigentes do futebol nacional?!

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